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sábado, 16 de junho de 2012

Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes



Sendo hoje Festa do Sagrado Coração de Jesus, Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, e amanhã, o segundo aniversário do encerramento do Ano Sacerdotal, o cardeal Mauro Piacenza, Prefeito da Congregação para o Clero pede orações pela identidade, a santificação e a missão de todo o povo de Deus.



Em um mundo onde até mesmo a figura do sacerdote parece estar dominada pelo caos, confusão, dúvidas, tentações, o cardeal Piacenza renova a sua fé no Senhor e a sua confiança no bem que os sacerdotes difundem no mundo.



Para conhecer as razões desta fé e desta confiança, ZENIT entrevistou o Prefeito da Congregação para o Clero.



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ZENIT: Qual é o significado de eventos como a Festa do Sagrado Coração de Jesus e o Ano Sacerdotal? O que os une?



CARD. PIACENZA: Certamente, a Missão é a chave para a interpretação dos eventos mencionados. O Ano Sacerdotal, que foi um evento excepcional querido pelo Santo Padre Bento XVI, quis salientar a profunda ligação entre identidade e missão dos sacerdotes, reconhecendo como, os dois elementos, estejam totalmente relacionados entre si: o Sacerdócio ministerial é para a missão e na missão se define a identidade sacerdotal. A Jornada mundial de oração pela santificação dos Sacerdotes é, ao contrário, um evento anual, que cada Igreja particular está chamada a celebrar, mostrando aquela comunhão e reciprocidade na oração, que deve caracterizar todo o povo de Deus, chamado a implorar do Senhor o dom dos Pastores Santos. Além disso, o sacerdócio ministerial está a serviço do comum de todos os batizados, que se realiza, concretamente, na resposta ao chamado universal à santidade.



ZENIT: Mas é necessário portanto uma jornada de oração pela santificação do Clero? E por que justo na Festa do Sagrado Coração?



CARD. PIACENZA: Da oração “nunquam satis”, nunca há suficiente! Orar pela santificação dos Sacerdotes significa, em certo sentido, orar pela santidade de todo o povo de Deus, ao qual todo o ministério está ordenado. É, então, uma oportunidade para favorecer a comunhão e a mútua custódia orante, entre membros do mesmo presbitério, quase em um arco perfeito, que vai da Missa do Crisma à Festa do Sagrado Coração de Jesus, abraçando os mistérios fundamentais da nossa fé e contemplando-os em chave sacerdotal. Finalmente, como afirmado pelo Cura d'Ars, "O Sacerdócio é o amor do Coração de Jesus", seja entendendo aquela necessária intimidade e apropriação que sempre cada sacerdote deve ter com o Senhor, seja indicando o amor e a caridade de Jesus “bom Pastor”, ao qual todo exercício do ministério ordenado deve tender. A caridade pastoral é a verdadeira chave interpretativa desta jornada de oração.



ZENIT: E como se coloca, tudo isso, na perspectiva do Ano da Fé?



CARD. PIACENZA: O Ano da Fé foi escolhido pelo Santo Padre para comemorar dois aniversários importantes, um depende do outro. Primeiro, o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II e, conseqüentemente, o vigésimo aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica, que é o Catecismo do Concílio Ecumênico Vaticano II! Novamente, os sacerdotes são chamados a oferecer sua generosa contribuição, também no Ano da Fé, para executar as indicações do Papa, lembrando como, justo na sua missão e na obra de evangelização se reforça a mesma identidade sacerdotal. Ler e, em certo sentido, "redescobrir" o Concílio, em todo o seu significado profético e missionário, é uma das tarefas mais urgentes, hoje, na Igreja.



ZENIT: o senhor acha que o Concílio ainda não seja bem conhecido?



CARD. PIACENZA: Eu acho que a Igreja seja sempre guiada pelo Espírito Santo e que, portanto, textos como aqueles conciliares, também depois de 50 anos, podem e devem continuar a falar a todo o Corpo eclesial, e especialmente a todos os Sacerdotes, evitando com cuidado a tentação, sempre possível, do precoce e superficial "armazenamento". O Concílio, como repetidamente enfatizado tanto pelo Beato João Paulo II, como pelo Santo Padre Bento XVI, é uma "bússola" para o terceiro milênio e, conseqüentemente, para toda obra de evangelização e de nova evangelização. A correta Hermenêutica é condição, e não obstáculo, ao conhecimento do Concílio. Basta pensar, por exemplo, e lembro-me claramente, no impacto que teve a Encíclica Evangelii Nuntiandi, do Servo de Deus, o Papa Paulo VI, na qual já se interpretava, de modo profético para aqueles tempos, o impulso missionário do Concílio.



ZENIT: Eminência, o senhor fala muito sobre a "missão". Mas é esta hoje a emergência na Igreja? Considera que haja um "déficit" missionário?



CARD. PIACENZA: A missão não é uma das "atividades" do Corpo eclesial, mas caracteriza essencialmente a identidade. Sem missão, não há Igreja, e vice-versa! A Igreja é totalmente relativa à missão, ao encontro dos homens, de todo tempo e lugar e de toda cultura, com o Senhor Ressuscitado. Levar a todos o anúncio do Reino e Salvação: esta é a tarefa essencial da Igreja! Tarefa que, nas diversas épocas e circunstâncias, declina-se a modalidades diferentes, mas que conserva sempre o próprio núcleo essencial, constituido pela obediência ao mandamento de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura”. Se os homens de Igreja, todos os batizados, e os Sacerdotes em especial, perdessem tal desejo missionário, perderiam um aspecto essencial do batismo e, em certos aspectos, da própria fé cristã.



ZENIT: A carta de convocação, presente no site da Congregação (www.clerus.org) afirma que a Santificação do Clero "não está em contradição com a consciência dos [...] fracassos pessoais, e nem sequer das culpas de alguns que, por vezes, humilharam o sacerdócio aos olhos do mundo”. Pode-se afirmar que “a emergência do clero” acabou?



CARD. PIACENZA: Não. A emergência é antes de mais nada aquela das feridas provocadas das culpas de alguns e, até que as feridas não sejam cicatrizadas, não é possível falar de cura. Certamente todos nós aprendemos uma importante lição do que aconteceu: nunca é possível abaixar a guarda, porque o mal “como leão rugente anda procurando a quem devorar”. Os comuns instrumentos da santificação e um alto nível de espiritualidade são o pressuposto indispensável para desejar um futuro no qual certos episódios não sejam mais do que uma terrível lembrança.



Nunca seremos integralmente santos, nesta fase terrena do Reino, mas certamente podemos e devemos esforçar-nos para uma maior Santidade, através de todas as ferramentas que a Igreja nos oferece, a partir da Palavra e dos sacramentos, para alcançar a vida comunitária e o zelo missionário, para todas as almas. A paixão por anunciar Cristo é a verdadeira “medida” da temperatura da fé de uma época! Que a Virgem Maria nos guarde, Estrela da missão.

via do blog da paroqui de martins/RN

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